Impasse na Câmara

Da Redação
Setembro/2015

Legislativo municipal de Carrancas questiona valores para realização de obra relacionada ao tratamento de água da cidade.

Uma questão envolvendo a liberação de verbas da Prefeitura Municipal de Carrancas, destinadas ao cumprimento de uma importante etapa do projeto de tratamento de águas da cidade continua gerando polêmica na Câmara dos Vereadores. O assunto voltou à baila na reunião da Casa, no dia 19 de agosto, quando o Projeto de Lei encaminhado pelo prefeito José Raimundo dos Santos solicitando a liberação de verba de indenização por desapropriação de 2 hectares de terra à proprietária da Pousada Luz do Sol foi novamente colocado em discussão. 

Segundo um parecer técnico de um grupo de engenheiros e agrônomos ambientalistas da Universidade de Lavras (UFLA), intitulado "Água-Solo-Planta: Ciência e Engenharia", do professor Gil Julio, e solicitado em 2013 pela Prefeitura de Carrancas,

 
exatamente naquela área da serra é que se encontra o lugar ideal para a construção de um reservatório para decantação e filtragem das águas que vêm de três vertentes das nascentes locais. Para que isso seja possível, segundo o projeto apresentado pelo prefeito, além do valor de aquisição - R$ 144 mil -, a Prefeitura ainda terá que desembolsar R$ 66 mil para a empresa de engenharia responsável pela construção da “piscina” de concreto.

O estudo da UFLA apontou que a captação das águas para abastecer a cidade de Carrancas é feita exatamente nessa área, na qual as três vertentes principais das nascentes que formam o nosso atual coletor e distribuidor de água para a população. Nos últimos anos, entretanto, muito pouco se fez no sentido de cuidar melhor do curso dessas águas, que acaba sendo contaminada naturalmente por dejetos de aves e outros animais. No entorno e por todo o percurso das nascentes, a cidade tem crescido, por meio do assentamento de um grande número de propriedades particulares e várias pousadas. Contudo, segundo os técnicos da UFLA essa expansão não concorre para a contaminação da água, uma vez que todos esses assentamentos são dotados com fossas sépticas. "A utilização desses dois hectares e a construção da “piscina” irão garantir água para toda a população de Carrancas até 2034, desde que não tenhamos um crescimento de 100% no curto prazo. Na verdade, é uma aquisição para o resto da vida", pontua o prefeito José Raimundo.

Perguntado sobre o impasse pela reportagem do Carrancas em Pauta, o prefeito disse não entender o porquê de a Câmara estar demorando para aprovar o projeto e, principalmente, solicitar a verba adicional para pagar um levantamento que, no seu entender, já está pronto. "Por que, até hoje, a Câmara não me chamou para apresentar documentos e expor tal necessidade?", indagou.

Questionado, ainda, sobre a tão sonhada conclusão do projeto de saneamento básico de Carrancas - cuja verba federal de R$ 5,2 milhões já foi aprovada, o prefeito explicou que se trata do mesmo processo de desapropriação, só que sem traumas, uma vez que, desde o início, a área para sua realização - com quase 5.000 metros quadrados, ao lado do campo de futebol - já havia sido determinada, obedecendo todos os procedimentos legais de necessidade pública. "A escritura, agora, encontra-se no cartório de Itumirim. Com isso, as obras iniciarão muito breve", garante o chefe do Executivo.