Alta do dólar e a insegurança mudaram os destinos turísticos de muitos brasileiros que tinham programação de viagem para o exterior
Recebemos nesta manhã de quinta-feira (3/12) na redação do jornal Carrancas em Pauta a visita de Claudinei Palma Sotta, presidente de Acetur – Associação Carranquense dos Empreendedores do Turismo, para um bate papo descontraído sobre o tema
que nunca sai da nossa pauta: Turismo e a vocação turística de Carrancas.
No começo da nossa entrevista, que sempre tem como início uma conversa descomprometida com o papel e a caneta, Claudinei contou sobre o acontecimento na noite de terça-feira 1 de dezembro em que foi realizado o 1º Simpósio do Projeto Turismo de Natureza e Rural de Carrancas, no salão de eventos Edgar de Souza Andrade.
Organizados pelo Sebrae, o Comitê Gestor para o Desenvolvimento do Turismo de Carrancas reuniu vários empresários de segmentos ligados direta e indiretamente ao turismo, como proprietários de pousadas, bares e restaurantes, agências de turismo, padarias, proprietários de atrativos (cachoeiras em áreas privadas), para este simpósio que inaugurou uma nova etapa no tratamento empresarial para com o turismo e turistas. “A etapa ainda mais importante para nós será a de qualificação do nosso pessoal disponível para a operação num todo. Para alcançarmos este objeto é importante que a união de todos e a dedicação do tempo de cada um, seja plena em prol dos mesmos objetivos, seja no segmento hoteleiro, alimentos e bebidas, agências e operadoras, enfim, vamos investir na melhoria dos conhecimentos de cada empresário interessado na profissionalização voltada ao turismo e ao mesmo tempo, preparar a mão de obra qualificando e oferecendo melhores condições de trabalho”, conta Claudinei.
A grande aposta e um desafio para o turismo em Carrancas para o ano de 2016, que já está batendo em nossas portas, está na massa de turistas que estão mudando os seus destinos de viagem a lazer, por conta do câmbio e dos fatos mundiais que andam assustando o planeta.
Matemática pura
Fizemos uma conta rápida com embasamento nos números do IBGE: 205 milhões de brasileiros, sendo pouco mais de 50% desse total uma massa crítica que gera riquezas no país através de algum trabalho, formal e informal. Esse corte representa portanto 100 milhões de brasileiros, mas se levantarmos a real força de trabalho (contratados ou carteira de trabalho assinada), poderemos considerar um universo de 80 milhões de brasileiros em franca atividade e que gozam de direito a férias. “Este deverá ser o nosso foco. Audacioso? Sim. Ambicioso? Nem tanto. Vamos trabalhar para trazer ao longo de 2016, 0,01% desse total que significa 40.000 turistas/ano ou 3.330 por mês”, explica Claudinei. Logo veio uma pergunta para o entrevistado, que você leitor deve já estar se fazendo: Como?
“Esse Comitê Gestor tem uma missão inicial que é a de ‘preparação’ para recebermos turistas de qualquer quadrante deste planeta. Temos a Acetur que pautará este assunto e conto desde já com toda a diretoria e associados para apresentarem caminhos e realizações. E, claro, o poder público por meio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura terão um papel fundamental quanto à fomentação dos projetos que deveremos elaborar e buscar viabilização”, elucida Claudinei.
Falamos sobre a participação e presença mais frequente e sempre que possível, expressiva da cidade em eventos ligados ao turismo, tanto privados como públicos que são realizados pelas secretarias estaduais de turismo, e a própria Embratur que participa de eventos internacionais “vendendo” o turismo brasileiro. “Precisamos ser mais audaciosos e não ficarmos dependentes de ações individuais” enfatiza Claudinei.
A nossa conversa tomou um corpo diferente quando Claudinei relembrou que em julho deste ano, mais precisamente dia 2 de julho de 2015, o Vaticano divulgou mensagem do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, uma Encíclica Papal focando o Turismo Mundial para a celebração do Dia Mundial do Turismo que é comemorado anualmente no dia 27 de setembro.
O primeiro trecho que chama atenção é sobre o tema que a Organização Mundial do Turismo propõe: “Mil milhões de turistas, mil milhões de oportunidades”.
O tema e a proposta foram alavancados quando foi certificado que em 2012 o planeta havia rompido a barreira simbólica de mil milhões de chegadas turísticas internacionais. E os números, agora, continuam a aumentar de tal modo que as previsões estimam que em 2030 se alcançará a nova meta de dois mil milhões. A estes dados devem acrescentar-se cifras ainda mais altas ligadas ao turismo local.
Outro trecho que consideramos interessante descreve sobre o que busca o turista e a mudança na forma de deslocar-se:
“Estamos numa fase de mudança, na qual muda o modo de deslocar-se e, consequentemente, também a experiência da viagem. Quem se desloca para um país diferente do seu, fá-lo com o desejo, mais ou menos consciente, de despertar a parte mais recôndita de si através do encontro, da compartilha e do confronto. O turista está sempre mais à procura de um contato direto com o diverso na sua extraordinariedade.”
Papa Francisco recomenda aproximação com a natureza
Na última encíclica, Papa Francisco convida a nos aproximarmos da natureza com “a abertura para a admiração e o encanto”, falando “a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo” (Laudato si’, n. 11). Eis a justa abordagem a adotar em relação aos lugares e aos povos visitados. É esta a estrada para aproveitar mil milhões de oportunidades e fazê-las frutificar mais ainda.
A mensagem sugere ainda para que “os Governos devem garantir o respeito às leis e adotar novas, apropriadas à tutela da dignidade das pessoas, das comunidades e do território. É indispensável uma atitude decisiva. Também no âmbito turístico, as autoridades civis dos diversos países devem pensar em estratégias compartilhadas para criar redes socioeconômicas globalizadas a favor de comunidades locais e viageiros, de modo a desfrutar positivamente o mil milhões de oportunidades que a interação oferece.
Gerar renda e promover o patrimônio
“Incrementar o turismo e, de modo especial, nas suas formas mais responsáveis permite encaminhar-se para o futuro fortes da própria especificidade, história e cultura. Gerar renda e promover o patrimônio específico permite despertar aquele sentido de orgulho e de auto-estima úteis a fortalecer a dignidade das comunidades hospedeiras, estando, no entanto, sempre atentos a não trair território, tradições e identidade em favor dos turistas.2 É nas comunidades locais que “é possível gerar uma maior responsabilidade, um forte sentido de comunidade, uma especial capacidade de solicitude e uma criatividade mais generosa, um amor apaixonado pela própria terra, tal como se pensa naquilo que se deixa aos filhos e netos” (Laudato si’, n. 179).”
A íntegra desta mensagem papal pode ser lida acessando este link
Otimismo acima de tudo
Encerramos a nossa conversa e entrevista certos de que basta uma visão, entendimento do assunto, pró-atividade, boas e sinceras parcerias, e o mundo nos receberá para trazê-los até Carrancas.
“Um bilhão de turistas, um bilhão de oportunidades”
foto: Anete Fernandes
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